Diante de um quadro clínico de glomerulonefrite aguda, os principais exames laboratoriais a serem solicitados são:
- Urina I: permite detectar hematúria, leucocitúria estéril (a ser confirmada com urocultura), cilindros (celulares ou hemáticos) e proteinúria;
- Proteinúria de 24 horas;
- Função renal (ureia e creatinina séricas);
- Ultrassonografia de aparelho urinário: fornece alguns parâmetros de viabilidade renal, além de permitir a identificação de eventuais patologias pós-renais.
Cilindros hemáticos
Uma vez feito o diagnóstico de glomerulonefrite aguda, outros exames laboratoriais são solicitados de acordo com a suspeita clínica, no intuito de determinar a etiologia da doença:
- Dosagem de complemento: as glomerulonefrites podem ser classificadas em normo ou hipocomplementêmicas;
- Pesquisa de anticorpos antiestreptocócicos (suspeita de glomerulonefrite pós-estreptocócica);
- FAN e anti-DNA para investigação de lúpus eritematoso sistêmico;
- ANCA (especialmente em casos de glomerulonefrite normocomplementêmica);
- Pesquisa de anticorpo anti-MBG (principalmente quando a imunofluorescência apresentar um padrão linear de depósito);
- Pesquisa de crioglobulinas;
- Sorologias para HIV, hepatites B e C;
- Hemoculturas e ecocardiograma (suspeita de endocardite ou nefropatia do shunt).
Glomerulonefrites aguda normo e hipocomplementêmicas
Complemento sérico reduzido | Complemento sérico normal |
Patologias renais primárias: glomerulonefrite membranoproliferativa tipos I (50 a 80%) e II (90%). | Patologias renais primárias: nefropatia da IgA, glomerulonefrite rapidamente progressiva idiopática, doença do anticorpo antimembrana basal. |
Patologias renais secundárias: glomerulonefrite pós-estreptocócica (90%), lúpus eritematoso sistêmico (classe III, 75% e classe IV, 90%), crioglobulinemia (85%), endocardite bacteriana (90%), nefropatia do shunt (90%). | Patologias renais secundárias: poliangeíte microscópica, granulomatose de Wegener, púrpura de Henoch-Schönlein, doença de Goodpasture, abscesso visceral. |
*As porcentagens indicam as frequências aproximadas de C3 consumido.
No contexto de uma glomerulonefrite aguda, a biópsia renal nem sempre está indicada. Quadros sugestivos de glomerulonefrite pós-estreptocócica, por exemplo, apresentam um prognóstico habitualmente favorável e podem ser conduzidas mediante acompanhamento clínico-laboratorial. Um parâmetro particularmente importante nestes casos é a normalização do complemento sérico, que deve ocorrer em até 8 semanas.
Pacientes que cursam com alteração de função renal devem ser submetidos à biópsia renal, visando ao diagnóstico definitivo. É importante salientar que a biópsia não deve retardar a instituição do tratamento, especialmente nas suspeitas de glomerulonefrite rapidamente progressiva.
O padrão histopatológico das glomerulonefrites agudas à microscopia óptica é pouco específico. Caracteriza-se pela presença de glomérulos difusamente hipercelulares, com proliferação de células mesangiais e endoteliais, associado a infiltrado de neutrófilos e monócitos
Figura: Glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica.
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